Uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto esquema de venda de decisões judiciais revelou uma transação financeira suspeita envolvendo a advogada Aline Gonçalves de Sousa, esposa do desembargador César Jatahy, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A transação foi feita em junho de 2023, quando a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, esposa do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, transferiu R$ 938 mil para o escritório de Aline Gonçalves. O pagamento foi registrado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em um relatório sobre movimentações financeiras atípicas realizadas pelo lobista e sua esposa.
O relatório do Coaf, acessado com exclusividade pelo UOL, apontou movimentações de mais de R$ 2 bilhões, incluindo uma transação de R$ 15 milhões à JBS. Andreson Gonçalves foi preso pela PF em novembro de 2024, enquanto Mirian foi obrigada a usar tornozeleira eletrônica. Em resposta, a defesa de ambos afirmou que se manifestará nos autos do processo, alegando que não há provas de que o casal tenha influenciado decisões judiciais.
A transação de R$ 938 mil foi uma das maiores movimentações feitas por Mirian Ribeiro Rodrigues e chamou a atenção da Polícia Federal. Em entrevista ao UOL, Aline Gonçalves explicou que foi contratada para atuar em um processo judicial pelo escritório de Mirian, mas se recusou a fornecer detalhes sobre o caso ou confirmar se estava atuando em processos no TRF-1, onde seu marido é desembargador.
Mirian Ribeiro, advogada com ao menos 15 processos no TRF-1, não tem nenhum caso sob a relatoria de César Jatahy. A investigação da PF também abrange suspeitas sobre a atuação do casal no Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS).