Domingo, 30 de Junho de 2024

POLÍTICA Quarta-feira, 26 de Junho de 2024, 11:18 - A | A

Quarta-feira, 26 de Junho de 2024, 11h:18 - A | A

"ABUSO DE PODER"

Médico fala na Câmara sobre 'carteirada' e Marcrean diz que 'fez o mesmo trabalho da oposição'

Evelyn Souza/ O Bom da Notícia

Na sessão ordinária desta terça-feira (25), na Câmara Municipal, o médico Marcus Vinicius Ramos de Oliveira — que requereu a abertura de uma Comissão Processante contra o vereador Marcrean Santos (MDB), por abuso de poder —, usou a tribuna para relatar que se sentiu ‘humilhado e constrangido’ pelo parlamentar quando, supostamente, o parlamentar invadiu a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC).

Segundo o médico, o vereador emedebista, durante o tumulto, teria ameaçado ligar para o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) e para o secretário municipal de saúde, Deiver Teixeira.

“O vereador apareceu na UTI querendo informações, me carteirando, ameaçando, simplesmente por eu ter negado a atendê-lo naquele exato momento, já que estava dando assistência a outros pacientes! Não gostando da resposta, ele entrou dentro da UTI, me ameaçando e me humilhando. Nas ameaças, ele usou o nome do prefeito e do secretário de Saúde, falando que ia ligar para os dois e que ‘eu ia ver’ e que eu ‘não estava acima de ninguém’. Mas em momento nenhum me coloquei acima, só relatei que estava atendendo outros pacientes”, disse.

Ainda conforme Marcus, a confusão teria se iniciado porque o vereador não aceitou ser atendido em outro momento.

“Estávamos com vários pacientes graves dentro da UTI, portanto, no momento não consegui atendê-lo. Então disse a ele que no horário de visita daria mais informações e tiraria todas as suas dúvidas, mas ele não aceitou bem a negativa. Não fui eu que chamei a polícia para ele, eu não sei quem chamou, mas acho que foi um dos funcionários da UTI.”

Já segundo o emedebista, ele ‘invadiu’ a UTI porque não havia nenhum comunicado ou funcionário avisando sobre a existência de uma proibição para entrar no local, como também havia comunicado ao secretário Deiver que estaria indo à unidade.

O parlamentar também garantiu que não passou nome falso para o médico, apenas o respondeu com ironia.

“Antes de ir à UTI, liguei para o secretário Deiver e avisei que estaria indo lá ver uma paciente que estava internada há 30 dias. Ao chegar no local, haviam cinco pessoas que eram da família da paciente que me acompanharam, mais dois funcionários do PS. Portanto, eu não estava sozinho! Quando cheguei em frente à UTI, não havia nenhum cartaz e nem mesmo funcionário que dizia que era proibida a entrada de alguém lá. Ao entrar na UTI, me deparei com o médico apenas com outros dois funcionários da UTI. Foi quando eu questionei onde o responsável estava. Me disseram que ele estava na sala de descanso. Foi quando bati na porta e ele abriu, totalmente assustado. Ele perguntou quem eu era e eu falei: sou vereador Marcrean. Neste momento ele saiu da sala, vestiu seu jaleco e me acusou de ter dado uma carteirada nele. Foi quando ele começou a perguntar o meu nome e eu já tinha falado três vezes e, com ironia, falei: coloca José Maria”, contou.

Ainda durante sua defesa, Marcrean criticou a postura dos colegas de parlamento por aceitarem a propositura da Comissão Processante, ao alegar - de forma irônica -, 'que apenas estava fiscalizando, assim como os vereadores de oposição'. No entanto, garantiu estar tranquilo com a investigação.

“Recebi esse pedido de investigação contra mim bastante tranquilo, mas o que me assusta é que no período da pandemia tantos vereadores de oposição fizeram vídeos expondo e entrando nas UTIs, e nunca houve um pedido de abertura de processante nesta Casa. Então quer dizer que os vereadores de oposição podem fazer vídeos fazendo fiscalização, mas o líder do prefeito não pode? Alguém acha que por eu ser líder do Emanuel eu vou ser omisso ou deixar de falar a verdade? Eu estou pronto para falar o que aconteceu 10, 20 vezes se for preciso, mas não seria um misto com uma pessoa doente cujo estado dela é gravíssimo”, criticou.