Em vídeo publicado nas redes sociais no último sábado, 8 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a ex-primeira-dama de Cuiabá, Márcia Pinheiro (PV), esposa do ex-prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), fez críticas ao fechamento das salas de Espaço de Acolhimento da Mulher nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) dos bairros Jardim Leblon e Verdão, voltadas para vítimas de violência.
Classificando o fechamento como um retrocesso no atendimento às mulheres vítimas de violência, Márcia destacou que o estado de Mato Grosso lidera o ranking nacional de feminicídios.
"O mês da mulher deveria ser sobre avanços, mas estamos falando de retrocessos. Cuiabá foi pioneira no Brasil ao implementar o primeiro Espaço de Acolhimento da Mulher dentro de uma unidade pública de saúde, no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), que desde sua inauguração já atendeu mais de 22 mil vítimas de violência. Diante da alta demanda, sentimos a necessidade de descentralizar o serviço e abrimos salas nas UPAs Leblon e Verdão [...] Mas, em vez de avançarmos, estamos enfrentando retrocessos, com o fechamento dessas salas. E isso acontece justamente em Mato Grosso, o estado que lidera o ranking nacional de feminicídios [...] Não podemos tolerar esse declínio", afirmou Márcia.
Em 2024, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) apontou que Mato Grosso registrou a maior taxa de feminicídios do país, com 2,5 mortes para cada 100 mil mulheres. No total, foram 46 feminicídios em 2023. Desses, apenas 5 mulheres estavam sob medida protetiva contra os agressores, conforme levantamento da Polícia Civil. Esse número reflete que apenas 11,9% dos agressores estavam sendo monitorados pela segurança pública. Ainda segundo a Polícia Civil de Mato Grosso, 83% dos feminicídios registrados em 2024 ocorreram no ambiente doméstico, conforme o relatório "Mortes Violentas de Mulheres e Meninas em Mato Grosso por Razões de Gênero 2024", produzido pelo quinto ano consecutivo pela Diretoria de Inteligência.
Na última quinta-feira (06), o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), anunciou que, por orientação do Ministério da Saúde, o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica será temporariamente realizado no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). A decisão foi tomada após a constatação de que as UPAs não eram adequadas para esse tipo de atendimento, prejudicando o fluxo nas salas vermelhas de urgência e emergência. A medida segue até a finalização de um novo projeto de reorganização dos espaços, que garantirá a continuidade do atendimento.
"Enquanto trabalhamos na elaboração do projeto de relocação, o atendimento não será prejudicado, pois cada unidade possui profissionais que podem encaminhar as pacientes para o HMC, garantindo que elas não fiquem desassistidas", explicou o prefeito.