Segunda-feira, 16 de Setembro de 2024

POLÍTICA Quarta-feira, 10 de Maio de 2023, 11:40 - A | A

Quarta-feira, 10 de Maio de 2023, 11h:40 - A | A

"SÃO MUITAS PERSEGUIÇÕES"

'Sou mulher e negra isto incomoda, diz Edna ao explicar a violência política de gênero de que é alvo

Luciana Nunes/Marisa Batalha/O Bom da Notícia

Em entrevista ao Cast do Bom do site O Bom da Notícia nesta terça-feira (9), a vereadora por Cuiabá Edna Sampaio (PT) atribuiu à violência política de gênero, os ataques e preconceitos de que têm sido alvo. Ao lembrar da acusação recebida na semana passada de suposta 'rachadinha' em seu gabinete, na Câmara Municipal.

"Eu trato essas questões da violência política de gênero, sob o olhar, de onde ela se configura que é dentro de uma sociedade estruturalmente machista. E não é a primeira vez que sou alvo desta violência mas, literalmente, é a maior e a mais rasteira que recebi neste mandato. E vejo todo este processo longe da pessoalidade. Claro, sou um corpo e como corpo eu sofro. Mas observo que esta violência perpassa em um discurso ainda mais ampliado. Como o fato, por exemplo, de ser uma mulher, negra e de esquerda. Se eu tivesse exercendo um mandado para contribuir para o fortalecimento de projetos deste ou daquele, que não fossem aqueles que faço a defesa como das minorias, dos mais vulneráveis, da classe trabalhadora acredito que estaria um pouco mais isenta destas perseguições".

Ao ainda lembrar que como professora de sociologia, doutora, assim, bem situada nos debates e nos temas e, sobretudo, de onde ela fala, isto acaba incomodando muitas pessoas.

"Eu venho de um espaço, de um lugar proibido para uma negra. Estar em uma ambiência, ser representante, a voz daqueles que estão ausentes, dando visibilidade a eles, obviamente que causa um profundo desconforto a uma engrenagem que não esperou que estivéssemos neste espaço e realizando debates, apontando propostas fora do contexto deste fazimento político. Assim tenho a compreensão deste jogo político e do incômodo que represento, porque não sou um peão no jogo dos poderosos".

De acordo com a vereadora, é íncrível como as pessoas ainda não sabem o que seja violência política de gênero, assim, fazendo-se necessário que ocorra um letramento racial para ampliar este debate sobre a desigualdade.

"É preciso fazer um letramento racial, que é muito importante porque quando você fala da desigualdade racial. Porque estamos falando de um problema estrutural da sociedade. Commo forma de colocar um fim a esta associação que ainda hoje se faz entre a criminalidade e a pessoa negra, a prisão, o encarceramento e pessoa negra. POrque pode-se observar com bastante clareza que quando você é uma mulher, e uma mulher negra, que esta pessoa não corresponde a nenhum desses estereótipos que a sociedade coloca como certo, natural. É isto que incomoda os poderosos. Sobretudo, dentro de um processo bem desgastado que é legitimidade dos políticos Assim, é fácil acusar uma vereadora com fake news rasteiras, aliás, gigantesca, a pior que eu vivi até agora".

Só para entender letramento racial é um processo de reeducação racial que reúne um conjunto de práticas com o intuito de desconstruir formas de pensar e agir naturalizadas e normalizadas socialmente, em relação a pessoas negras e pessoas brancas.

Entenda

Na denúncia feita por um site na capital de suposta 'rachadina' no gabinete da vereadora petista foram apresentados comprovantes bancários, além de áudios e conversas de WhatsApp, onde mostravam o montante que teria sido repassado gradualmente à parlamentar pela sua então chefe de gabinete, Laura Natasha Abreu, que foi exonerada.

Vale lembrar que Laura Abreu publicou neste fim de semana, em seu Instagram, um vídeo confirmando que nunca houve “rachadinha” no gabinete da vereadora. Ao ainda revelar no vídeo que não teve nenhum envolvimento com a divulgação dos prints para a mídia, e que o material  teria sido vazado por uma pessoa de sua confiança.

Só para entender 'rachadinha' ou desvio de salário de assessor é a prática de corrupção caracterizada pelo repasse de parte dos salários de assessores para o parlamentar ou secretário a partir de um acordo pré-estabelecido ou como exigência para a função. O que não se configura no caso da parlamentar petista, uma vez que a utiização da Verba Indenizatória era utilizada para pagar viagens, fiscalizações e o mandato coletivo, ou seja, nunca foi utilizado para o uso pessoal da petista.

É sob este olhar que a vereadora questiona a matéria, ao classificar a ação como uma violência política de gênero e ainda citar que as críticas e acusações têm a intenção de difamar o Partido dos Trabalhadores (PT) que está em ascensão no momento.

Veja a entrevista completa