Sábado, 07 de Setembro de 2024

POLÍTICA Sábado, 20 de Julho de 2024, 17:12 - A | A

Sábado, 20 de Julho de 2024, 17h:12 - A | A

RELIGIÃO

Maysa Leão se posiciona contra o PL da Bíblia nas escolas; ‘ensino de religião é dentro de casa’

Luciana Nunes/ O Bom da Notícia

Em entrevista à Rádio Capital FM esta semana, a parlamentar republicana Maysa Leão se posicionou contra o PL do vereador por Cuiabá, Rodrigo Arruda e Sá (PSDB), que prevê o estudo da Bíblia nas escolas públicas e particulares da capital.  

Na visão da parlamentar, religião é algo para a família decidir. Ou seja, esta não é uma definição que possa ser realizada por uma escola, pois não é de sua competência.

“Eu crio meus filhos e leio a Bíblia para eles com meu viés, com as crenças que eu tenho. Ensino religião, caráter, princípios e valores dentro de casa. Meus filhos vão para a escola para aprender literatura, português, matemática”.

Maysa ainda lembra os desafios da inclusão na escola e lembra que ainda não é momento de pensar em estudo bíblico nas unidades.

“Se a gente tivesse uma escola em Cuiabá redondinha, se as nossas escolas públicas estivessem pedagogicamente maravilhosas, se a gente tivesse inclusão e quisesse fazer um debate com a comunidade, seria o momento de criar círculos de estudo bíblico, assim como criar círculos de estudo de todas as religiões para sermos verdadeiramente inclusivos”, sugeriu.

Maysa ainda aponta - que como ela, vários colegas já demonstraram insatisfação com o PL - assim, acredita que ele não passe na Comissão de Constituição e Justiça.

“A gente se manifestou esta semana contra. Ele vai passar pela CCJ e eu quero muito acompanhar o que a CCJ vai falar porque eu vejo esse projeto como um projeto inconstitucional. O parecer precisa ser contrário, mas a gente vai ver”, concluiu.

À exemplo da republicana, o presidente da Câmara, Chico 2000 (PL) , também acredita que o assunto não é competência do vereador é que religião se discute dentro de casa.

“Particularmente, a competência para deliberar sobre educação, sobre o currículo da educação, sobre as matérias que devem fazer parte, quais os conteúdos que devem fazer parte, isso não é competência do vereador, isso é competência do MEC. O MEC é quem decide a grade curricular. Eu acho que religião você deve discutir dentro da sua casa”, disse Chico.

Entenda

Projeto de Rodrigo Arruda e Sá que está sob análise da CCJ, na Câmara de Cuiabá, prevê o estudo da Bíblia nas escolas públicas e particulares da capital. De acordo com o autor da propostam o PL não trabalha com fé ou religiosidade, apenas se trata de disponibilizar a leitura de um livro milenar. 

Ao defender seu projeto, o vereador acabou aumentando a polêmica ao entorno do PL ao indagar, em conversa com a imprensa nesta última terça-feira (16), que conhecimento traria, por exemplo, a leitura do livro Pequeno Príncipe, escrito por Antoine de Saint-Exupéry, na vida do estudante. Ao esquecer que a obra que completou 81 anos, em 2024, já foi traduzida para mais de 250 idiomas, ficando atrás apenas da Bíblia e do Alcorão.

“Não estamos envolvendo religião, estamos tratando de um livro milenar e educacional. O projeto não é inconstitucional porque não está obrigando ninguém a fazer essa leitura e também não vai constar na grade curricular do aluno. É do mesmo jeito quando você tem ali o livro de história, de filosofia. Até vi hoje um repórter falar sobre o Pequeno Príncipe, que é um livro muito mais complicado, e que não vai acrescentar nada na vida do estudante”, disse.