"Qual a diferença entre a intervenção ocorrida em Cuiabá e o que ocorreu ontem[domingo, 8 de janeiro] em Brasília? A diferença é que agiram só na sede da Secretaria de Saúde e na sede da Empresa Cuiabana de Saúde Pública. Mas não há nenhuma diferença no desrespeito, na violência, na agressão, na vontade à todo custo de buscar informações".
Disse nesta segunda-feira(09), o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro(MDB), em coletiva de imprensa, ao tentar comparar - de qualquer jeito -, a intervenção ocorrida em sua administração, decretada no dia 28 de dezembro pelo desembargador Orlando Perri, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), em razão do completo caos na Saúde da capital, com os ataques antidemocráticos realizados neste último domingo, por bolsonaristas que invadiram os prédios do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, que estão sendo mundialmente criticados.
Pinheiro fez questão, inclusive, de frisar que a decisão da presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministra Maria Thereza Assis de Moura, de suspender a intervenção teria sido histórica. Ainda que a ministra tenha deixado claro em sua decisão que caberá ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso a palavra final sobre a intervenção na Saúde de Cuiabá. A decisão do STJ ocorreu na última sexta-feira (06). "Defiro o pedido de suspensão de liminar, até que submetida (e decidida) ao órgão Especial do TJMT a representação interventiva do MPE".
"Então, agora, restabelecida a normalidade, vocês viram o ato de vandalismo dos interventores? Qual a diferença entre eles e o que ocorreu ontem em Brasília? [...] Ninguém ali estava preocupado com a saúde pública do povo cuiabano. Vocês não ouviram, um minuto sequer, eles falarem em saúde pública ou mostrar um profissional de saúde pública para apresentar uma proposta de mudança. A narrativa era tentar vender um rombo, um caos. Caos que eles oportunizaram, que criou e aconteceu em oito, nove dias".
Para ampliar - o que classificou de violência, em conversa com jornalistas -, Pinheiro também apontou os atrasos nos atendimentos nas unidades de saúde, durante a intervenção. Asseverando que em sua administração a população nunca teria ficado oito, nove horas esperando numa policlínica como nesses dias de intervenção.
"Eles tentaram criar a narrativa de um rombo [...]Se fosse verdade 353 milhões, não seria rombo e sim dívida. Seria uma dívida alta, mas totalmente suportável. Mas é mentira. Esses números estão sendo combatidos [..] Cometeram arruaça, depredaram patrimônio público, levaram CPU, levaram computador, levaram documento, levaram backup. Fizeram aqui, sem nenhuma diferença, o mesmo que houve em Brasília".
Entenda
A intervenção foi decretada no dia 28 de dezembro pelo desembargador Orlando Perri, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), em razão do completo caos que abate a saúde cuiabana. Com a intervenção, a Saúde de Cuiabá passou a ser administrada pelo Governo do Estado, que nomeou o procurador Hugo Felipe Lima como interventor.
Durante os dias de intervenção, foram realizados trabalhos visando a volta da regularização dos serviços de saúde na atenção básica.
Também foram feitos diagnósticos sobre a real situação da Saúde de Cuiabá, com a detecção - por meio de relatório -, de um cenário que foi desde milhões de medicamentos vencidos, rombo financeiro na ordem de R$ 350 milhões, dívidas em repasses a fornecedores, até atrasos de meses nos salários de profissionais de saúde, inchaço de cargos comissionados e pessoas morrendo por falta de atendimento adequado.