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POLÍTICA Quinta-feira, 12 de Março de 2020, 11:05 - A | A

Quinta-feira, 12 de Março de 2020, 11h:05 - A | A

CONVENÇÃO DO PATRIOTA

Convenção teve Bolsonaro pedindo voto para coronel e "Brilhante Ustra" em camiseta

Marisa Batalha - O Bom da Notícia

(Foto: Florentino/OD/Reprodução)

Coronel Ustra.jpg

 

Para muitos que participaram da convenção do Partido Patriota, na noite desta última quarta-feira (11), no Ginásio Verdinho no bairro CPA 1, ficou difícil definir o que teria chamado mais atenção no encontro da legenda.

Se a transmissão ao vivo pelo celular, direto de Brasília, do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), parabenizando a tenente-coronel Rúbia Fernanda de Oliveira, homologada pela sigla para a disputar o Senado, com a vaga deixada pela senadora Selma Arruda (Podemos), que teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Para eleição suplementar que será realizada no dia 26 de abril, em Mato Grosso.

Ou a camiseta de um dos participantes da convenção, ilustrada com uma foto do coronel Brilhante Ustra condenado por crimes hediondos, durante a ditadura.

Brilhante Ustra tem sido, historicamente, apontado como mandante de várias mortes na ditadura militar, iniciada no Brasil em abril de 1964 e ainda sequestrador e torturador. Responsável pelo assassinato de dezenas de inocentes.

Brilhante Ustra tem sido, historicamente, apontado como mandante de várias mortes na ditadura militar, iniciada no Brasil em abril de 1964 e ainda sequestrador e torturador. Responsável pelo assassinato de dezenas de inocentes.

Com relatos - ainda de acordo com o sindicalista Antônio Wagner -, de atrocidades realizadas nos porões de torturas que, comumente, terminavam e morte.

Assim, para o Antônio Wagner - que mostrou sua indignação com o fato, por meio de uma nota de repúdio -, não teria sido tão somente a foto do rapaz postada nas redes sociais, possivelmente por correligionários da sigla mas, sobretudo, porque ao lado do rapaz com a camiseta de Ustra, um outro homem, amigo ou quem sabe admirador, realizava gesto já tipicamente bolsonarista 'da famosa arminha' ou podendo ser, igualmente, entendido, por meio do gestual popular como 'o cara', mostrava sua admiração ao colega, por estar 'paramentado'.

|De acordo com Wagner, presidente em exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros, em Mato Grosso e secretário Geral do Sindicato dos Profissionais da Área Meio do Poder Executivo, 'um assassino e torturador não pode ser referência de respeito', ao lembrar que o coronel "sequestrou pais e mães de família. Que sem qualquer julgamento eram jogados nos porões do Doi-Codi onde Ustra comandou e praticou entenas de sessões de tortura a homens e mulheres".

Mas a indignação maior ficou por conta do participante não ter sido repreendido por qualquer correligionário presente ao evento.

Por meio de nota de repúdio - enviada ao site O Bom da Notícia, via WhastApp -, o sindicalista aponta o absurdo ocorrido na convenção presidida pelo ex-deputado federal Victorio Galli, lembrando que também o ex-parlamentar foi condenado pela juíza Célia Vidotti, da Vara de Ações Civil Pública e Popular, no ano passado, a pagar R$ 100 mil por danos morais coletivos à comunidade LGBT, por declarações homofóbicas.

Assegurando ainda "que partido que promove um torturador e assassino não pode conviver em sociedade![...] que aceita esse tipo de gente, merece nosso total repúdio e nunca nosso voto!".(Veja abaixo a nota de repúdio na íntegra)

Convenção

A convenção do partido Patriota recebeu a transmissão ao vivo do presidente Jair Bolsanaro, que exaltou as qualidades da tenente coronel Fernanda, como candidata. E ao pedi voto para a militar, revelou ainda sobre sua esperança de tê-la no Senado para impulsionar projetos na economia que possam favorecer a coletividade.

"Nós precisamos defender o agronegócio e o estímulo a geração de empregos, o que só é alcançado com o apoio da livre iniciativa. Espero ter a coronel Fernanda como aliada, e se Deus quiser, com o presidente Jair Bolsonaro, trabalhar em defesa do povo mato-grossense", declarou.

Bolsonaro ainda pediu empenho de seus aliados em favor da candidatura da coronel Fernanda. “É um nome de peso. É um nome que honrará a todos de Mato Grosso. Ela é cristã, mulher e policial. Eu estou pronto para ajudá-la no que for possível. Mas sei que o grande trabalho virá de vocês que estão aí. É o trabalho de rua, de ligar ao vizinho, amigo, nas mídias sociais, fazer vídeos e pedir voto para ela”, destacou.

O presidente da República ainda destacou a importância de uma vaga no Senado ser ocupado por uma representante do sexo feminino. “Este espaço tem que ser preenchido por uma pessoa de qualidade. A altura do povo de Mato Grosso. Há poucos dias comemoramos o dia internacional da mulher e, neste momento, está posicionada aí uma mulher. É uma mulher, policial e cristã. E com esses pré-requisitos, a nossa candidata entra nessa disputa para vencer”,

A coronel Fernanda agradeceu ao apoio e afirmou que está disposta a trabalhar cada dia para vir somar os votos necessários que lhe possam confirmar a vitória nas urnas.

“Nós estamos aqui para ser diferente, nunca me furtei a fugir de qualquer coisa. Não fugirei desta missão porque coragem e ousaria não falta. A minha equipe vai conseguir resultados positivos e Mato Grosso vai mudar”, declarou. 

Nota de Repúdio na íntegra

Nota de Repúdio a conivência do Partido Patriota com defensores de assassinos e torturadores

Hoje na convenção do Partido Patriotas, presidindo pelo Ex Deputado Federal Victorio Galli (condenado em 100 mil reais por homofobia), um participante da convenção vestia uma camiseta ilustrada com uma foto do coronel da PM, Brilhante Ustra condenado em 2.008 por crimes durante a ditadura, sem ter sido repreendido por qualquer correligionário ali presente ao evento.

Brilhante Ustra tem sido, historicamente, apontado como mandante de várias mortes na ditadura miliar brasileira, ainda sequestrador e torturador. Seria responsável da Ditadura militar. Assassinou dezenas de inocentes, sequestrou pais e mães de família que, sem qualquer julgamento eram jogados nos porões do Doi-Codi onde comandou e praticou entenas de sessões de tortura de irmãos brasileiros, fossem homens ou mulheres.

Há relatos de mulheres que dão conta de torturas praticadas na frente de seus filhos ainda crianças e, até com introdução de ratos e outros objetos nas vaginas dessas pobres brasileiras.

É um horror ver uma sociedade que aceita conviver com esse tipo de gente. É pior ainda, ver um partido que prega “defesa da família” e respeito a Deus, socializar com quem defende um criminoso Condenado pela justiça por crimes tão horrendos, como torturar, estuprar e matar seus semelhantes.

Nunca é demais lembrar que Jesus Cristo foi torturado, humilhado e morreu na cruz por homens de seu tempo, como o Ustra, de nosso tempo.

É uma vergonha a política aceitar esse tipo de postura de um correligionário, sem o expulsar imediatamente do evento e do partido.

Quem promove um torturador e assassino não pode conviver em sociedade! Partido que aceita esse tipo de gente, merece nosso total repúdio e nunca nosso VOTO!

Antônio Wagner Oliveira é presidente em exercício da Central dos Sindicatos Brasileiros, em Mato Grosso e secretário Geral do Sindicato dos Profissionais da Área Meio do Poder Executivo de Mato Grosso (Sinpaig)