Sábado, 28 de Setembro de 2024

CIDADES Terça-feira, 27 de Junho de 2023, 15:49 - A | A

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MERCADO CLANDESTINO

Projeto ‘Sou Amigo da Fauna’ promove combate ao tráfico de animais silvestres, a caça e a pesca ilegais

Da Redação do O Bom da Notícia/Com Assessoria

O Brasil, por possuir a maior biodiversidade do planeta, é um dos grandes alvos do tráfico de animais silvestres. Todos os anos mais de 38 milhões de animais de diversas espécies são retirados da natureza de forma cruel e criminosa. De cada dez animais traficados, nove morrem. Terceira maior atividade ilegal do mundo, esse mercado clandestino somente fica atrás do tráfico de armas e drogas e movimenta cerca de 23 bilhões de dólares por ano. Deste total, o Brasil concentra de 5% a 15%.

Levantamento do Observatório do Tráfico da ONG Freeland Brasil baseado no acompanhamento de notícias sobre o crime tráfico mostrou que, no ano de 2021, mais de 25 toneladas de carne de caça e mais de 130 toneladas de pescado foram obtidos de forma ilegal. Ao menos 59 mil animais foram recuperados em operações de combate contra o crime e em torno de 1.700 outros animais mortos foram apreendidos.

É nesse contexto, de demandas emergenciais por respostas enérgicas, que quatro instituições de preservação ambiental se unem para a criação do Projeto Sou Amigo da Fauna. A ação, que será apresentada à imprensa em 29 de junho de 2023, no Complexo JK, em São Paulo, soma esforços idealizados pelo Instituto Libio, AMPARA Silvestre, Onçafari e SOS Pantanal. O projeto também conta com o apoio de dois parceiros fundamentais para o combate ao tráfico de animais, a Azul Linhas Aéreas e a Socicam, administradora de aeroportos, terminais urbanos, rodoviários e portuários , companhias que atuam em áreas remotas e também onde há um risco maior para a prática desses crimes.  

Conscientizar para preservar

Investindo na capacitação e na sensibilização de funcionários de empresas, de instituições parceiras e da sociedade civil, o Projeto Sou Amigo da Fauna objetiva a redução drástica do número de animais traficados no Brasil. Ações que serão impulsionadas com o apoio de campanhas publicitárias e com a adesão de empresas e instituições ao Selo Amigo da Fauna, contribuindo para a difusão de informações sobre os impactos do tráfico de animais para a sociedade.

A identidade visual e a campanha do Projeto Sou Amigo da Fauna foram desenvolvidas pela Colírio, consultoria de design estratégico que acredita no poder do Design para comunicar causas tão relevantes como essa. “Entramos neste trabalho com uma visão que foi além do selo, porque sabemos que podemos contribuir com a nossa expertise para impactar e despertar as pessoas para um tema tão relevante e ainda pouco divulgado. Nosso desafio foi criar elementos fortes que representassem os principais alvos do tráfico, como as aves, os insetos, os répteis e anfíbios e os mamíferos, de uma forma lúdica como contraponto às imagens reais”, explica Teresa Guarita Grynberg, sócia-fundadora da Colírio. Os vídeos de apoio para a comunicação foram produzidos pela Estação Brasileira. 

“O projeto nasceu da indignação de crimes contra a natureza que exploram e tiram vidas de muitos animais. A transformação deste triste cenário é o que nos move. É preciso conscientizar as pessoas. Para isso, queremos nos unir a uma grande rede de instituições em prol da conservação da biodiversidade”, explica Raquel Machado, fundadora e presidente do Instituto Libio.

Para Mario Haberfeld, CEO e fundador do Onçafari, o trabalho de conscientização do Sou Amigo da Fauna tem como objetivo dar visibilidade ao tema do tráfico de animais silvestres, trazer conhecimento e informação para que possamos impactar a maior quantidade de pessoas possíveis e coibir esses crimes”.

Para Gustavo Figuerôa, diretor de Comunicação do SOS Pantanal, entidade que testemunha de perto as ameaças a um de nossos mais ricos biomas, a conscientização da necessidade de combate às investidas contra a fauna nativa do país é um dos pilares para a conquista de objetivos mais amplos. “O tráfico de animais é um assunto transversal na conservação. Não podemos esperar que apenas instituições focadas no assunto ergam suas vozes. Esse programa é exatamente sobre unir forças para combater um inimigo em comum, que tira milhões de animais todos os anos de seus habitats”, argumenta.

Enfatizando que também vivenciamos um contexto de emergência climática, Juliana Camargo, CEO e fundadora do Ampara Silvestre, reitera a importância vital da soma de esforços como os articulados agora no Projeto Sou Amigo da Fauna: “A preservação do meio ambiente desempenha um papel fundamental no alcance de um desenvolvimento sustentável. Ao mantermos os ecossistemas em pleno funcionamento, garantimos a sobrevivência da nossa fauna, contribuímos para a mitigação das mudanças climáticas, melhoramos a nossa qualidade de vida e asseguramos a diversidade biológica”, conclui.

O gerente de Sustentabilidade da Azul Linhas Aéreas Filipe Alvarez de Oliveira lembra que ser a primeira aérea a apoiar essa campanha é um reconhecimento das ações da companhia em favor da valorização e proteção da fauna e da flora brasileiras – e que incluem, por exemplo, curso de combate ao tráfico de animais para todos os aeroviários da Azul que atuam nos aeroportos e também a expertise para o transporte seguro de espécies ameaçadas de extinção.  “Estamos orgulhosos do convite para participar dessa iniciativa tão importante e conectada a outros projetos de conservação da biodiversidade e fomento à bioeconomia que a Azul desenvolve. Esse tipo de apoio é um dos pilares da nossa estratégia ESG e faz parte das metas que assumimos na assinatura do Compromisso Empresarial Brasileiro para a Biodiversidade do CEBDS”, explica. 

Para Marcelo Bisordi, diretor da Divisão de Aeroportos da Socicam, o projeto faz parte de um amplo plano da empresa com foco em ESG. “Reconhecemos a importância de colaborarmos com o combate ao tráfico de animais e por isso abrimos as portas para que esse projeto pudesse ser modulado com base nas experiências trocadas com nossos aeroportos da Centro-Oeste Airports, em Mato Grosso. Temos um trabalho consistente de manejo de fauna e flora em nossos empreendimentos, além de realizarmos uma série de ações socioambientais que envolvem toda a comunidade do entorno dos equipamentos. Portanto, vislumbramos nessa parceria a consolidação do nosso engajamento nas questões ambientais”, pontua.

Selo Amigo da Fauna

Na ocasião do lançamento do projeto também será divulgado o Selo Amigo da Fauna, ação estratégica para a captação de novos parceiros do Projeto Sou Amigo da Fauna, que já conta com a adesão de 13 aeroportos espalhados em regiões mais remotas dos grandes centros urbanos do Brasil, áreas que naturalmente constituem as rotas dos crimes de tráfico de animais silvestres cometidos no País.

São eles: Aeroporto Piloto Oswaldo Marques Dias, de Alta Floresta (MT); Aeroporto Maestro Marinho Franco, de Rondonópolis (MT); Aeroporto Presidente João Batista Figueiredo, de Sinop (MT); Aeroporto Internacional Marechal Rondon, de Cuiabá (MT); Aeroporto de Vitória da Conquista (BA); Aeroporto Jorge Amado, de Ilhéus (BA); Aeroporto de Una-Comandatuba (BA); Aeroporto de Caldas Novas (GO); Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, de Goianá (MG); Aeroporto de Araçatuba (SP); Aeroporto de Presidente Prudente (SP); Aeroporto de São José do Rio Preto (SP); e Aeroporto Serafin Enoss Bertaso, de Chapecó (SC).

SOS Pantanal

Fundado em 2009, o SOS Pantanal é uma instituição de advocacy, sem fins lucrativos, que promove a conservação e o desenvolvimento sustentável do Pantanal por meio da gestão do conhecimento e a disseminação de informações do bioma para governantes, formadores de opinião, empreendedores, fazendeiros e pequenos proprietários de terras da região, assim como para a população em geral. Ao longo das últimas duas décadas, o SOS Pantanal tem diretamente impactado o ecoturismo, ao promover iniciativas de preservação e desenvolvimento sustentável.

AMPARA Silvestre

O Instituto Ampara Animal nasceu em 2010 e, em 2013, recebeu a certificação de OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Em 2016, uma nova frente da entidade foi criada, a AMPARA Silvestre, com foco em conservação ao reabilitar animais que possam ser devolvidos à natureza e também oferecer bem-estar aos animais condenados ao cativeiro. Em 2021 o Instituto Ampara Animal passa a preservar diretamente uma área de 100 hectares no Pantanal Mato-grossense, reforçando assim seu compromisso com a preservação da vida. A AMPARA Silvestre possui um histórico de atuação com a fauna brasileira, em especial com onças pintadas e pardas. Atuamos em diversos projetos no Brasil voltados para a conservação de espécies ameaçadas, ações emergenciais, projetos de educação ambiental e conexão da sociedade com a fauna. Contribuímos com a conservação do bioma Pantanal, através da preservação de áreas naturais, e do projeto AMPARA Pantanal dedicada a reabilitação e pesquisa da fauna pantaneira. Está ampliando sua área de atuação com projetos de monitoramento de fauna, e resolução de conflitos humano-fauna.

Onçafari

Criada em 2011 pelo ex-piloto de Fórmula 1 Mario Haberfeld, a Associação Onçafari promove a conservação do meio ambiente e contribui com o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que está inserida por meio do ecoturismo e de estudos científicos. A instituição trabalha pela preservação da biodiversidade em quatro biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas, onças-pardas, lobos-guarás e antas, e atua em seis diferentes frentes: ecoturismo, ciência, educação, reintrodução, social e florestas.

Instituto Libio

Desde 2020, o Instituto Libio acolhe e cuida de animais silvestres vítimas do tráfico e maus tratos, e administra reservas privadas no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Pará, visando à conservação da fauna brasileira e de seus habitats. Fundada pela dermatologista Raquel Machado, que desde 2010 mantém trabalho autônomo na área, a entidade administra um mantenedor de animais silvestres autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) em Porto Feliz/SP, duas RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural) no Mato Grosso do Sul, as Reservas Saci e Santuário, além de outras áreas protegidas no Sul da Amazônia, no estado do Pará.