O longa-metragem “Coroa Branca”, que vem sendo gravado em Cuiabá desde o início de novembro de 2024, pela produtora Latitude Filmes, retrata três histórias de resiliência, de personagens enfrentando diversos obstáculos da vida de um trabalhador brasileiro.
Por trás, e diante das câmeras, a produção valoriza a ampla participação de mulheres no audiovisual, contando com olhar delas em todas as estruturas de funcionamento da equipe, se destacando em diferentes funções na construção do filme.
Para uma das produtoras executivas, Gisela Luiza Magri, o universo das mulheres mudou significativamente, ela explica que antes não se tinha espaço para funções variadas em diversas profissões, mas hoje, além das mulheres frequentarem qualquer espaço, ganharam lugar em todos os tipos de trabalho que antes, só o homem ocupava, a evolução também se fez presente no mercado audiovisual:
"Sinto enorme alegria de estar na produção executiva do longa metragem Coroa Branca, onde na direção, temos também uma mulher, e a metade da equipe também são. Isso é uma grande conquista, que bom que consegui viver a tempo não só de ver, mas também de participar. Muito feliz em fazer parte desse trabalho, ao meu ver grandioso, além da minha presença, que passará, porque a arte não morre nunca e podemos trazer através dela reflexões para o mundo", contou a produtora.
De acordo com dados analisados pela Ancine, até o ano de 2016, os homens reinavam, 85% dos diretores e 71% dos roteiristas. Hoje em dia esse dado vem mudando, pois cada vez mais mulheres encontram lugar de protagonismo no set. Mostrando um olhar diferenciado e muitas vezes, mais sensível de temas, que antes só eram retratados por um viés masculino, podendo contar histórias de mulheres da sua própria perspectiva e narrativa.
O elenco principal é formado por um homem, e duas mulheres. Mel, interpretada pela atriz Juliana Capilé e Carol, interpretada pela atriz Millena Machado, ambas cuiabanas e Max, interpretado pelo ator carioca, Alex Brasil.
Com direção de Ângela Coradini e Felippy Damian, produção executiva de Gisela Luiza Magri, Rafaela Lerer e Duflair Magri Barradas, direção de fotografia de Duflair Magri Barradas, direção de arte de Rapahel Henrique, e trilha sonora de Sankirtana Dharma e Vinícius Alves e patrocínio do FSA/BRDE, por meio do edital de novos realizadores de 2022, a produção irá retratar temas importantes da atualidade como a necessidade de ascensão, a dura jornada de trabalho, saúde mental, sobrevivência, e resiliência, temáticas que também perpassam pela jornada da mulher, e claro, das personagens principais.
Para Millena Machado, uma das protagonistas, o fato de ter muitas mulheres na equipe, cria um ambiente de conforto, segurança e troca no desenvolvimento da personagem:
"Enquanto mulher tenho me sentindo bastante segura em participar do longa, principalmente pelo fato de que tem muitas mulheres na equipe. Isso com certeza me traz um conforto, e como a personagem que interpreto está passando por uma situação bastante delicada de uma gravidez inesperada, ter o feedback e poder ouví-las com certeza me faz entender melhor todo o sentimento pelo qual Caroline passa. E sempre que troco com mulheres, vejo sim que precisamos nos desdobrar mais para atingir uma ascensão, e quando se tem uma criança envolvida essa dificuldade é ainda maior. O impacto na vida da mulher é maior. E mesmo quando não há criança, é cultural essa questão da carga mental que nos é passada, de que precisamos dar conta e cuidar de tudo.", contou a atriz.
Conforme dados do IBGE, as mulheres ocupam 41,8% dos cargos de direção e gerência do mercado de trabalho, maior ainda é a disparidade em cargos políticos.
Na direção, nos roteiros e produção de grandes filmes estão ainda menos presentes. Cada dia que passa, isso vem mudando, apesar de representar 25% na direção, as mulheres tem conquistado cada vez mais espaço, mostrando determinação e conhecimento para ocupar qualquer cargo de gerência no cinema. Em 2021, as diretoras bateram recorde de indicações no Oscar. Essa é uma grande vitória.
Ângela Coradini, uma das diretoras do longa, conta que _Pardais_ foi o primeiro projeto que escreveu:
"Na época estava adentrando o roteiro. O lugar da escrita sempre foi confortável e prozeroso pra mim. Já a direção, foi chegando aos poucos", explicou.
"Quando a história foi escrita, nós pensávamos sobre quem são essas mulheres que estão no corre todos os dias. Estão lá lutando por objetivos ao mesmo tempo que exercem o cuidado com entes familiares e com o lar, com a rotina.. Exatamente como é o meu fazer hoje: dirigir um longa, ser mãe e dona da minha casa ao mesmo tempo.", contou a diretora.
“A questão não é ser mais que os homens; a questão é ser respeitada independente de ser mulher. Acho que estamos mostrando nossa competência. Vê quem quer e pode. Eu acho que já está claro que não temos que pedir licença pra ninguém e que nossa visão artística e contribuição técnica só faz o trabalho ficar ainda melhor. Todos nós, que trabalhamos com o audiovisual e cinema brasileiro temos obrigação de combater o patriarcado que só empobrece nossa visão de mundo. Fora que, já deu né?”, contou também, uma das protagonistas, Juliana Capilé.
Saiba mais sobre o filme que já está rodando:
*Sinopse*
Coroa Branca acompanha três personagens, que assim como o Pardal de Coroa-branca, que durante a migração pode voar por até 7 dias e noites sem parar para descansar, estão determinados a fazer o que precisa em busca de sua sobrevivência.
Esse propósito os leva ao limite do esforço físico, mental e emocional.
Carol deseja alçar voos maiores e se provar digna de ser sócia do escritório que trabalha como advogada. Max se prepara para levantar voô passando no concurso da Polícia Militar que acredita trazer a estabilidade financeira para a família que está formando. E Mel quer migrar e fazer morada próximo ao mar, mas, antes, vai descobrir que andar em bando é o que nos eleva de verdade.