Segunda-feira, 23 de Setembro de 2024

ARTIGOS Sábado, 21 de Setembro de 2024, 14:40 - A | A

Sábado, 21 de Setembro de 2024, 14h:40 - A | A

EDNA SAMPAIO

Dois pesos, duas medidas

Nos últimos meses, a política cuiabana foi palco de um escândalo que expõe, de forma gritante, os privilégios e a impunidade de certos vereadores, enquanto outros, como eu, enfrentam perseguições e injustiças. O caso de Paulo Henrique, líder do grupo de Neneu e apoiador do prefeito Emanuel Pinheiro, é o exemplo mais recente e revoltante dessa prática de dois pesos e duas medidas.

Em junho, a Polícia Federal bateu à porta de Paulo Henrique, levando-o preso por uma série de acusações graves, incluindo o envolvimento em esquemas que envolvem apreensão de computadores, cartões de banco de funcionários e até um carro. No entanto, a reação da Câmara Municipal de Cuiabá foi a de proteger o vereador. Mesmo diante de tantas evidências, não houve um pedido de cassação imediato, como houve no meu caso, que sequer foi baseado em provas concretas.

Enquanto Paulo Henrique se escondia para fugir de suas responsabilidades, a Câmara se mobilizava para salvar seu mandato. Na sessão de cassação do meu mandato, faltou Paulo Henrique para completar os 20 votos que me cassariam pela primeira vez. Na segunda votação, ele já estava ausente, ocupado demais tentando se defender das acusações. A política apodrecida e dominada pelo crime mais uma vez mostrou sua cara.

Quando as investigações contra Paulo Henrique se tornaram públicas, o prefeito Emanuel Pinheiro declarou que era uma "caça às bruxas", enquanto seus aliados na Câmara, como Michelle Alencar, Maysa Leão, Demilson Nogueira, Dr. Luiz Fernando, Eduardo Magalhães e Dilemário Alencar, correram para pedir uma investigação. Investigação! Não cassação, como fizeram no meu caso, mesmo sem provas ou indícios. Dois pesos, duas medidas.

A polícia já havia recolhido material incriminador, mas, segundo a Procuradoria da Câmara, isso não era suficiente para abrir um processo de cassação contra Paulo Henrique. Entretanto, para me cassarem, bastou uma nota em um site mercenário. Vereadores e vereadoras que me atacaram ferozmente se comportaram como verdadeiras "tchutchucas" diante de Paulo Henrique.

Apesar do inquérito com mais de 5 mil páginas, a Procuradoria alegou que não poderia agir com base apenas em notícias de jornal. Curioso, pois foi exatamente isso que fizeram para cassar o meu mandato, numa clara demonstração de como funciona o descaramento de certos parlamentares, que aplicam dois pesos e duas medidas conforme o interesse.

A base de Emanuel Pinheiro, é claro, fez de tudo para proteger Paulo Henrique, membro da mesa diretora da Câmara. Ninguém pode dizer que ele não recebeu tratamento generoso. Eles impediram sua cassação, que o tornaria inelegível. Aparentemente, crimes de corrupção não são suficientes para a Câmara cassar um vereador, a menos que a cassação atenda a interesses políticos maiores, como foi no meu caso.

A blindagem de Paulo Henrique tem um nome: Chico 2000. O presidente da Câmara, fiel defensor de seu aliado, declarou que as acusações contra Paulo Henrique eram parte de uma "politicagem" armada. Ele fez de tudo para barrar qualquer processo, até mesmo orientando Paulo a tirar férias e se afastar, esperando que o povo esquecesse o escândalo com o tempo.

Mesmo preso, Paulo Henrique não perderá seu mandato, pois seus aliados planejaram estrategicamente deixar passar o tempo até o recesso parlamentar em dezembro, impedindo qualquer movimentação de cassação até lá. Enquanto isso, ele continuará apto a disputar a próxima eleição e, se vencer, retomará seu poder. Isso sem falar de outros casos de vereadores condenados que exerceram seus mandatos até o fim e tiveram suas candidaturas homologadas pelo TRE, sem que a condenação fosse revertida.

O presidente da Comissão de Ética, Rodrigo Arruda, também alegou não haver motivo para abrir processo contra Paulo Henrique. O corporativismo político está em pleno funcionamento. Não podemos esquecer que esse mesmo Conselho de Ética hesitou em cassar o mandato de Paccola, acusado de homicídio, até que eu, vereadora Edna Sampaio, tive a coragem de apresentar o pedido de cassação.

É evidente que a Câmara Municipal de Cuiabá não está do lado do povo. A blindagem de Paulo Henrique e a minha cassação injusta são o reflexo de uma política conivente com o crime, voltada para proteger os poderosos e punir quem ousa lutar contra o sistema. Se você, como eu, se indigna com essas injustiças, use o seu voto como arma.

Nesta eleição, faça uma escolha consciente. Vote por mudanças de verdade.

Vote 13131 Edna Sampaio, Day e Neusa para vereadoras. Lúdio 13 para prefeito.

Edna Sampaio é doutora em Ciências Sociais e candidata à reeleição como vereadora pela chapa 3Pretas.