Nem sempre é fácil vestir um biquíni e encarar o verão. Mesmo que você se sinta confortável com a ideia, as pessoas podem ter reações cruéis. Carla Ortiz , 23 anos, define bem a situação: "Para algumas pessoas é intragável mulheres fora do padrão se sentindo bem com elas mesmas". Ao Delas, a criadora de conteúdo fala sobre ter passado exatamente por isso.
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Carla publica conteúdo sobre moda e lifestyle em seu Instagram. Recentemente, compartilhou uma foto de biquíni curtindo um dia na piscina. Apesar das centenas de comentários positivos, ela chegou a perder mais de 200 seguidores após a sequência de três fotos que mostra o seu corpo com curvas e celulites.
Na publicação, escreveu: "Eu não me amo o tempo todo, não acho meu corpo bonito o tempo todo, tem dias que não acho ele bonito tempo nenhum. Mas a questão é: eu não deixo de viver por causa disso".
Ela conta que essa foi a primeira vez que tirou uma foto sentada usando biquíni. "Em pé o meu corpo fica mais ‘aceitável’", diz. Carla fala que até se assustou quando viu a foto e "entrou em contato com uma parte que nunca tinha visto". Apesar da insegurança, pensou "por que não postar?".
Com mais de 34 mil seguidores, a influenciadora digital fala que essa foi chance de mostrar que seu corpo também tem imperfeições. "No mundo plus size as pessoas falam de aceitação o tempo todo, mas todo mundo tem inseguranças. Ninguém se aceita 100% do tempo. Isso é uma mentira".
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Por que incomoda?
Embora tenham comentários positivos, não dá para ignorar a gordofobia daqueles que a deixaram de seguir. Após as críticas, Carla passou a refletir e chegou a algumas conclusões sobre o que pode ter causado as reações negativas.
"Eu nunca tinha mostrado minhas gorduras assim. Sempre eram fotos em pé. Talvez muita gente se incomode com mulheres se sentirem bem com elas mesmas", analisa. Carla ainda comenta que algumas pessoas acharam "militante" e "agressiva" demais por mostrar tanto o seu corpo. "Por ser uma pessoa gorda fora do padrão, tem gente que acha vulgar. É uma imagem difícil de engolir".
As críticas não desanimam nem impedem Carla de continuar seu trabalho nas redes sociais.
"Eu entendi que não dá para agradar todo mundo e eu não vou deixar de publicar o que acho importante por causa de seguidor. Se as pessoas se sentirem incomodadas, podem dar unfollow. Não vou mudar meu conteúdo", pontua.
"Não podemos deixar de viver pelas inseguranças"
Apesar da segurança que a jovem apresenta hoje diante dos comentários preconceituosos, nem sempre foi assim. "Eu já deixei de fazer muita coisa", revela.
Carla conta que há dois anos viveu uma depressão e engordou bastante, o que a deixava desconfortável e para baixo. Aos poucos, foi se cercando de referências positivas e tirou do Instagram pessoas tóxicas por não ter a mesma realidade que ela, como as "musas fitness".
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Com ajuda psiquiátrica e psicológica, Carla passou a encarar seu corpo de outra forma e melhorar essa relação. "Eu comecei a normatizar meu corpo", fala. Outro ponto fundamental nessa jornada foi entender o que os comentários negativos significavam. "Esse discurso de ódio diz muito mais sobre o outro do que sobre mim", fala.
Para quem se sente insegura com a própria imagem, Carla sugere fazer como ela e se cercar de referências, buscando encontrar outros tipos de beleza. Além disso, se jogar no verão e não deixar de aproveitar a estação por não ter o ‘corpo ideal ’. "Nós mulheres fomos criadas para não gostar do nosso corpo. Ninguém precisa se amar o tempo inteiro, mas não podemos deixar de viver pelas inseguranças".
Fonte: IG Delas