Apesar de não gostar do termo ‘lockdown’ - que significa confinamento, bloqueio, fechamento total -, o médico sanitarista e deputado estadual, Lúdio Cabral (PT) diz concordar, contudo, com a decisão do magistrado José Leite Lindote, da Vara Especializada da Saúde Pública de Mato Grosso, no Fórum de Várzea Grande, sobre da adoção de quarentena coletiva obrigatória por 15 dias em Cuiabá e Várzea Grande, em decisão anunciada nesta última segunda-feira (22).
O magistrado determinou também que o Estado e os municípios de Cuiabá e Várzea Grande apresentem a ele, em cinco dias, um planejamento para a ampliação dos leitos de UTI’s e o cronograma de sua execução. Já que as duas maiores cidades de Mato Grosso, além de terem o maior número de casos confirmados da doença, possuem também os maiores números de óbitos. E têm, perigosamente, uma taxa altíssima de ocupação das UTI’s, já beirando aos 90%. Com muitas unidades de saúde, inclusive, as particulares, já sem anestésicos.
Para Lúdio, este rigoroso isolamento social já deveria ter acontecido há muito tempo, de preferência, no início da pandemia, mas ninguém tomou a atitude certa. Assim, ainda de acordo com o parlamentar, a decisão do juiz foi, rigorosamente, certa, ao observar que a taxa de ocupação em leitos de UTIs, para pacientes com o coronavírus, se aproxima de 90%, resultando em perigoso colapso na rede pública de saúde.
O lockdown atendeu ação, por meio de liminar, do Ministério Público que acionou a Justiça para que fosse decretado - em caráter impositivo -, a quarentena, com base no decreto governamental.
Apesar de não gostar do termo lockdown, Lúdio diz concordar com a decisão da Justiça na adoção de quarentena coletiva com base no decreto governamental.
Durante o ‘bate-bola’, o deputado ainda argumentou sobre a necessidade de que seja disponibilizada 100% da frota de ônibus, para a circulação de quem trabalha dentro dos serviços essencias, como os profissionais de saúde que se utilizam do transporte coletivo. E aqueles fora deste contexto - e que não precisam sair de casa -, façam o distanciamento social.
Lúdio afirma que tem acompanhado todas as projeções e estudos referentes a covid-19. E ainda que na posição de médico e há muitos anos como servidor público na área de saúde, em Cuiabá, vem realizado atendimento de forma online, à comunidade, e isto desde o início da infecção, no dia 23 de março.
“Tenho acompanhado todas as projeções do Estado, e os estudos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que, inclusive, tem Cuiabá como parte desse estudo. Eles fizeram um levantamento entre os dias 3 e 7 de junho, apontando que o contágio já teria extrapolado e que já tínhamos mais de 8 mil casos confirmados da doença na capital. Ou seja, dentro desta projeção uma em cada 20 pessoas já estaria contaminada em Cuiabá”, diz Lúdio.
Propagação assintomática e pré-sintomática
Durante a live, o médico ainda tirou dúvidas que surgem sobre a propagação assintomática e pré-sintomática. De acordo com o parlamentar e médico sanitarista, "uma pessoa assintomática é aquela que não apresenta sintomas ou que nunca terá sintomas desde a sua infecção. Contudo, podem transmitir o vírus”.
Ainda lembrando que, segundo estudos mais recentes do coronavírus, uma pessoa infectada leva de 5 a 7 dias para manifestar sintomas e, nesse intervalo, elas podem ser considerada como pré-sintomática.
Ficando mais fácil combater a doença apenas naquelas pessoas que manifestaram os sintomas iniciais, pois com a confirmação, se inicia a primeira fase de combate à doença, na luta contra a replicação viral. Asseverando que, felizmente, 'a maioria dos casos não passa da fase de replicação' e muitas nem sequer sabem que tiveram a doença.
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