Mesmo que a tradição de comemorar o nascimento de Jesus Cristo, com a montagem dos presépios tenha cada vez menos adeptos, algumas famílias, entretanto, não abrem mão de criar este clima natalino. E, rigorosamente, celebram este momento 'crístico'.
Dentre as famílias que mantém este ritual está a da cuiabana Maria Graça Sucksdorff, de 77 anos. A viúva do famoso cineasta e pesquisador sueco, Arne Sucksdorff, vem ano a ano perpetuando esta tradição e realiza com um carinho imenso a montagem do presépio na sala de casa, no bairro do Porto, em Cuiabá.
Arne Sucksdorff foi um defensor incansável da fauna e flora pantaneira que viveu 30 anos em Mato Grosso. E mesmo vindo a óbito em Estocolmo, teve suas cinzas jogadas sobre o Pantanal mato-grossense, como o seu último desejo.
Apesar de muitos terem deixado de lado esta tradição, dona Maria conta ao O Bom da Notícia que há 75 anos sua família faz questão de deixar tudo preparado para o dia 25 de dezembro e, afirma que a fé é o eixo que os guia.
“O que me leva acreditar é a fé. Eu acredito muito em Deus, mas, infelizmente, vejo que muitas pessoas não estão mais acreditando, estão levando as coisas para lado material. Mas, aqui em casa, nós fomos criados desde pequenos a termos uma fé, qualquer que seja a situação. Se você não acreditar em nada a vida não tem sentido”, disse.
Na casa de Sucksdorff, o presépio fica no centro da sala. Com imagens do menino Jesus, José, Maria, os três reis magos e a formação de uma pequena vila. Com anjos, animais e outros personagens que embelezam o espaço e criam um clima de paz.
Os outros personagens são animais símbolos do Mato Grosso como o tuiuiú e a garça, por isso, dona Maria apelidou carinhosamente sua criação de “Presépio mato-Grossense”.
Além do presépio, dona Maria possui outros elementos religiosos espalhados pelo cômodo e, em especial, na mesa de canto, como Jesus em sua manjedoura, que foi doado por um amigo há muitos anos.

O presépio fica na sala com imagens do menino Jesus, José, Maria, os três reis magos e a formação de uma pequena vila, com anjos, animais e outros personagens
Dona Maria ainda relata que boa parte da população vê o Natal sob o olhar mais comercial. Ao lembrar que para muitos, a data é observada tão somente como uma troca de presentes e comidas. Assim, afastados do verdadeiro sentido, que é a fé e a religiosidade.
“Tenho um carinho muito grande em montar o presépio pois além de trazer uma presença religiosa para casa, ainda relembra - às pessoas -, que o Natal não é só ‘comilança’ e presentes”, afirma.
Como uma boa tradição familiar, dona Maria já sabe dar rapidez à montagem, admitindo que prefere algo mais simples, com colagens de figuras que represente o momento. Assim, para ela, o resultado do presépio depende da criatividade de cada pessoa.
Lembrando que há alguns anos, para não ficar sem presépio, seu irmão chegou a fazê-lo com papelão.
E mesmo que em meio a pandemia da Covid-19, muitas pessoas tenham deixado de lado o ritual, Dona Maria acredita que dá para manter a tradição. "Pois o espírito natalino está no nosso interior. Para mim o Natal não é só comilança e festança, e sim, um pouco de religiosidade”.
O presépio mato-grossense de dona Maria é montado, anualmente, no dia 20 de dezembro e fica até o dia 6 de janeiro, sendo assim, desmontado no dia 7 de janeiro.