Mais de 60 orientadores sociais de Cuiabá foram capacitados para receber pessoas com deficiência em unidades assistenciais. A preparação faz parte do eixo de educação do programa Gerando Convivência, desenvolvido por meio de parceria entre Prefeitura, Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) e a entidade beneficente Pia Sociedade de São Paulo (Paulus).
Os encontros aconteceram ao longo desta segunda (1) e terça-feira (2), na sede da Legião da Boa Vontade de Cuiabá (LBV).
O objetivo é incluir os atendidos nas atividades do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SFCV), utilizando o esporte paralímpico como estímulo para a inclusão. Para isso, são utilizadas técnicas do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O programa piloto deve ser implantado nas unidades da Capital a partir do início de 2019.
De acordo com o secretário de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, Wilton Coelho, a ação abre mais uma porta de inclusão, somando à principal bandeira da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro, de humanizar os serviços prestados.
“Enxergo aqui um avanço na compressão das necessidades das pessoas com deficiência, o que possibilita que façamos os ajustes no atendimento, acolhendo-as da maneira correta e com qualidade. Sozinhos não fazemos nada, mas juntos transformamos vidas”, disse.
Os servidores da base assistencial integram o quadro das 14 unidades de Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e de 13 instituições filantrópicas, como a Pestalozzi, Conselhos Municipais de Direitos, Casas Lares e Centros Dia. Segundo a presidente do CMAS, Ruth Leite, além da parte técnica, voltada à prática esportiva, os orientadores precisam ter sensibilidade com as demandas de cada aluno, para que os resultados fluam.
“O intuito é conscientizá-los sobre a importância da integração na vida dessas pessoas e o quanto a situação delas pode ser melhorada. Isso representa um impacto direto na qualidade do trabalho desempenhado junto aos atendidos”, afirmou.
Em busca de mudanças
O coordenador de Núcleo de Formação da Paulus, Aurier Pacheco, explica que Cuiabá é a terceira cidade a receber a capacitação. Atualmente, no Brasil, só 1% dos deficientes físicos são atendidos no Serviço de Convivência. Diante do número, a entidade, que atua com frentes de assistência social e educação, vem lutando há anos pela difusão do assunto em vários segmentos.
“É uma quantidade extremante baixa e que precisa ser mudada com urgência. Isso significa exclusão desses cidadãos de um meio em que eles têm direito. Sabemos que não é fácil tratar de acessibilidade, mas se não começarmos a dar os primeiros passos, adaptando os serviços que já estão implantados e criando mais ferramentas eficientes, não vamos progredir”, reforçou.
O Gerando Convivência atenderá cerca de 6.500 pessoas cadastradas nas unidades de atendimento.
É o caso de Luiz Santana, 44. Cadeirante há 28 anos, ele faz parte do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e explica que, capacitar os orientadores é um dos caminhos para o avanço no processo de inserção e mudanças nas políticas públicas voltadas à causa.
“Quando preparamos os profissionais, os trazemos para vivenciar o dia a dia de uma classe, com todas as suas dificuldades. Ou seja: alinhamos as pessoas sem nenhuma deficiência à realidade de seres que vivem com algumas limitações. Mostramos que é possível nos unirmos para o bem de todos. Lutar sozinho é andar em círculos, mas lutar com várias mãos é caminhar rumo ao progresso. Agradeço a todos em nome de meus colegas que, assim como eu, sonham com um país mais justo”, concluiu.