Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2025

ARTIGOS Quinta-feira, 26 de Abril de 2018, 13:42 - A | A

Quinta-feira, 26 de Abril de 2018, 13h:42 - A | A

Cenários Déja Vu

João Edsom de Souza

A eleição de outubro de 2018 se assemelha muito a outros momentos do país, tanto na nacional, que poderá ser comparada a 1990, quanto a estadual ser comparada a 2002. A cada nova pesquisa e cada dia que se aproxima, caminha para uma repaginação daquilo que já vimos em um passado não muito distante. Nas eleições presidenciais de 1990 tivemos 22 candidatos oficializados e um (Silvio Santos) impugnado.

 

E, apesar de tantos candidatos, a disputa polarizou em uma luta pseudo-ideológica: direita versus esquerda, principalmente no segundo turno. Venceu Fernando Collor que, apesar de menos conhecido, vestiu a camisa liberal para ganhar apoio político da direita. Lula foi o derrotado. Daí vem a frase “que bonita camisa Fernandinho” (publicidade da Us Stop, de 1994) que durante a eleição volta como mote ideológico para agredir e identificar posições.

 

As próximas eleições chegam com o mesmo viés: ruptura de uma época para iniciar outra. Devido a isto devemos ter mais de 20 candidatos. Velhos nomes sem sucesso e candidatos pela primeira vez ao cargo com evidencia polarizada (eu contra eles). Neste caso, pela direita, Jair Bolsonaro leva enorme vantagem. Pelo bloco centro esquerda Joaquim Barbosa poderá ser o representante neste embate.

 

No estado de Mato Grosso essa ruptura se deu mais tarde, somente nas eleições de 2002, quando surgiu praticamente do nada, mas alicerçado por grupos fortes que já tinham ocupado o poder, o hoje ministro Blairo Maggi despontou e venceu. Era o surgimento de um modelo gestor (empresário político). Desde então a ruptura ainda não ocorreu. Em Mato Grosso é possível ver o mesmo cansaço, a mesma descrença somada a uma apatia com a estruturas de Estado vigente.

 

Algo semelhante ao que ocorria já em 2001 (grupo de Dante de Oliveira). Agora em 2018 é muito provável que teremos um embate duro entre a situação (grupo de Pedro Taques) e um grupo brotado da insatisfação e do desgaste das relações que o poder proporciona. Tanto lá (2002) como cá (2018) não foi e não é bloco opositor, ou com característica opositora, e sim blocos divergentes em busca de resultados mais rápidos. Eleição tem vida própria.

 

Não significa que o resultado final vai se repetir. O que se repete são as formas de disputas e o contexto eleitoral em geral. Afinal, a política é a arte do possível.

 

João Edisom de Souza é analista político em Mato Grosso.