Após o presidente Jair Bolsonaro citar que "nada está tão ruim que não possa piorar" ao falar da inflação dos combustíveis, o general Joaquim Silva e Luna, presidente da estatal convocou a entrevista coletiva on-line de sua diretoria. Bolsonaro atribuiu a alta dos combustíveis à política de preços da Petrobras, embora também costume responsabilizar governadores por impostos estaduais que incidem sobre derivados de petróleo.
Segundo Bolsonaro, embora o grande acionista da empresa seja o governo federal, ele não possui o poder de decidir coisas dentro da empresa.
O presidente lembrou que, no momento da troca de presidentes que promoveu na Petrobras, a estatal perdeu "dezenas de bilhões de reais" em seu valor na Bolsa.
"Ninguém trabalha sob pressão. Trabalha com observações, como hoje estive com o ministro Bento (Albuquer, de Minas e Energia), conversando sobre a nossa Petrobras, o que nós podemos fazer para diminuir o preço na ponta", afirmou.
Além de negar mudança na política de preços, ao ser perguntado se a Petrobras deveria colaborar com alguma política de redução do preço do botijão de gás de cozinha, Luna respondeu:
"A parte da Petrobras está sendo feita, que é recolher tributos e dividendos (à União). Já recolhemos cerca de R$ 15 bilhões e temos perspectiva de aumentar isso. A forma de aplicação desses recursos cabe ao governo, não à Petrobras."
Bolsonaro já indicou que poderia usar dividendos pagos pela estatal à União para subsidiar o gás de cozinha, um dos itens que mais pesam no orçamento doméstico.
O presidente citou, por exemplo, o Reino Unido, onde, segundo ele, o preço do gás natural subiu 300%, e os Estados Unidos, onde o preço da gasolina aumentou 40%.
Em relação ao preço dos combustíveis, Bolsonaro ressaltou que não há muito o que se fazer em razão do arcabouço normativo que rege a atuação da Petrobras.
O presidente relembrou quando, no início do ano, pressionou a estatal pelo aumento do preço da gasolina, o que levou à troca da presidência da empresa.
Bolsonaro concedeu entrevista à rádio Jovem Pan nesta segunda-feira (27) e disse que está "bastante avançado" o plano de reservar recursos da Petrobras para subsidiar um vale-gás do governo federal.
Segundo o presidente, o plano é entregar um botijão de gás a cada dois meses para beneficiários do Bolsa Família, mas alertou que a decisão "passa pela Petrobras".
Ações de combate à crise hídrica
Questionados sobre as ações de combate à crise hídrica, a diretoria da Petrobras disse que a participação das termelétricas da Petrobras na matriz energética brasileira chega a 3%, mas que a empresa realiza uma série de medidas adicionais.
"A nossa contribuição não se prende a isso. A Petrobras vem agindo desde o ano passado para ampliar a oferta de gás para essas termelétricas, como a ampliação do terminal de gás natural liquefeito (GNL) do Rio de Janeiro, que passou de 20 milhões para 30 milhões de metros cúbicos por dia", disse Silva e Luna.
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A importação de gás natural liquefeito (GNL) passou de 44 para 101 cargas, com cerca de 90 milhões de metros cúbicos, segundo a Petrobras. Dados da Refinitiv e da consultoria Kpler à Reuters mostram que as importações de GNL pelo Brasil devem atingir um recorde neste mês.
O presidente da estatal também citou aumento da oferta na Rota 1, com mais 2 milhões de metros cúbicos por dia; a substituição do consumo de gás nas refinarias por outros combustíveis e a interligação das Rotas 1 e 2.