Na última sexta-feira (10), a sede da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), em Cuiabá, foi palco do 1° encontro do Grupo de Trabalho (GT), liderado pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT), para debater a Moratória da Soja e da Carne no estado com a participação de representantes do setor produtivo, da Abiove e Anec.
De acordo com a deputada, o acordo feito pela indústria de óleos vegetais, em 2006, com o Grupo Europeu de Consumidores de Soja está prejudicando a cadeia produtiva de soja e de gado, em Mato Grosso, mesmo os que estão cumprindo as determinações do Código Florestal no que diz respeito à preservação da vegetação nativa.
Durante o encontro, foi estabelecido um canal de diálogo entre as instituições representativas do agronegócio brasileiro, visando encontrar um meio-termo nas questões em debate. A deputada relatou que a abertura desse caminho é promissora para futuras negociações.
“A Abiove assumiu o compromisso de responder até 12 de julho uma série de questionamentos levantados pelo setor produtivo durante a reunião. Um dos principais pontos em discussão foi a questão dos polígonos, onde atualmente 100% das propriedades com qualquer hectare desmatado após 2008 estão sendo bloqueadas – impedidas de vender os seus produtos,” destacou a deputada afirmando que “a proposta é que produtos oriundos de áreas autorizadas sejam adquiridos, deixando de lado aquelas com problemas, medida que pode beneficiar produtores atualmente embargados,” disse.
Outra preocupação do setor produtivo em Mato Grosso diz respeito à demora na atualização da lista vigente da Moratória da Soja. “A Abiove também se comprometeu a apresentar uma sugestão para resolver esse problema,” explicou a deputada.
Além disso, foi destacado ainda pelos produtores a ausência de representantes do agronegócio em um grupo de trabalho que determina as ações do Brasil em relação ao setor. “Foi acordado que haverá uma representatividade nesse grupo, com cinco representantes do agronegócio sentando à mesa para discutir as questões do setor,” destacou Coronel Fernanda.
Por fim, a deputada expressou otimismo em relação aos resultados das negociações do GT. “Espero que até o dia 12 de julho haja avanços concretos. O agro brasileiro não pode ser prejudicado por questões alheias da nossa vontade. A Europa tem as regras dela para os produtores dela, não para os produtores de Mato Grosso, não para os produtores brasileiros. E a gente precisa achar um meio-termo para que o nosso direito seja respeitado,” finalizou.
Diálogo
Lucas Beber, presidente da Aprosoja-MT, reiterou as preocupações dos produtores em relação aos danos causados pela Moratória da Soja no Estado. Ele destacou a importância de avançar no debate e buscar soluções que mitiguem os riscos enfrentados pelos produtores. “Apesar da discordância em relação à moratória e à segregação, é importante considerar a análise dos polígonos como um remédio de curto prazo para minimizar as perdas, visando avançar na discussão e encerrar definitivamente o impasse.”
Por outro lado, André Figueiredo, representante da câmara setorial de grãos no Ministério da Agricultura e da CNA pela Comissão de Fibras, Grãos e Oleaginosas, também enfatizou a relevância da pauta e os impactos diretos sobre os produtores rurais do Bioma Amazônia. Ele destacou os avanços alcançados durante a reunião, como a análise específica do desmate ilegal e dos polígonos desmatados, em vez de considerar a propriedade inteira.
"Conseguimos a inclusão da CNA e da Aprosoja Brasil como representantes dos produtores dentro do grupo da moratória. E nós vamos levar, sim, os interesses do produtor para dentro desse grupo e tentar representar o melhor possível.”
Também participaram da reunião os deputados federais Abílio Brunini (PL-MT) e Gisela Simona (União-MT), além do deputado estadual Gilberto Cattani (PL-MT), representante das Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Frente Parlamentar da Agropecuária de MT (FPA/MT), Aprofir-MT, CNA, Famato, Imea e Aprosoja Brasil.