Desde os tempos de menino, quando frequentava as arquibancadas do Dorival de Brito na Vila Capanema, ou no Estádio Joaquim Américo (hoje Arena Kiocera) e ainda no Belford Duarte (hoje Couto Pereira), ouvi os murmúrios de todas as torcidas. Poucos reclamavam ou xingavam os jogadores e técnicos. Em sua maioria, o "Cristo" sempre era o árbitro.
De tanto ouvir isso, depois que parei de jogar futebol, resolvi ser árbitro. Me formei em 1968 e já no mesmo ano, depois de alguns apuros passados nos campinhos de várzea, cheguei aos jogos de profissionais. Primeiro fui bandeira (auxiliar) e depois como árbitro principal de partidas da segunda divisão. Só no Paraná foram 8 anos (68 a 76).
No Mato Grosso desde janeiro de 1977, quando fui convidado e contratado por Carlos Orione para ser árbitro de futebol pela antiga FMD- Federação Mato-Grossense de Desportos (hoje FMF), pisei em vários estádios. Na época o Estado era único e os times daqui jogavam em Campo Grande e Dourados. Das mais de 300 partidas que apitei em minha carreira (parei em 1984), além de jogos pela QNAF- Quadro Nacional de Árbitros de Futebol pela CBF, a "choradeira" sempre foi a mesma. - Juiz ladrão fdp e outros elogios.
Ocorre que conhecer as 17 regras é a coisa mais simples. Qualquer pessoa alfabetizada pode aprende-las. Porém, ser árbitro é igual a ser músico ou ator. Ou o cara tem dom pra coisa, ou não tem. Além disso, precisa ter dado, no mínimo, um chutinho numa bola. E ainda, precisa ter bom senso e usar sempre a psicologia em casos extremos. Todo este preâmbulo para falar da arbitragem do senhor Alinor Paixão, que apitou Cuiabá e Sinop.
No primeiro caso, do carrinho de Pity sobre Hiltinho, o Alinor se precipitou e poderia ter apenas dado o amarelo. Afinal, se a entrada que pareceu criminosa fosse real, o tal do Hiltinho não continuaria em campo. Houve falta violenta, mas houve também a encenação do Hiltinho.
Pênaltis duvidosos
No primeiro deles, o atacante Juazeiro quis mais se defender da bolada, mas com as mãos desviou a trajetória. Pênalti bem marcado. No segundo, Gilmar e Geovani se " enroscaram" no chão e o correto era deixar o jogo correr. Marcou pênalti contra o Sinop. Errou. Porém, outros lances podem ser discutidos, como o bate-boca desnecessário com o técnico Itamar Schulle. Quase que o técnico do Cuiabá o expulsou. Ademais, fugindo de suas próprias características, Alinor conversou muito. Por isso se deduz que ele não estava numa tarde muito boa. Porém, apesar da arbitragem conturbada, nada tirou o brilho da conquista do Cuiabá.