O padre Paulo Antônio Muller, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Tapurah (414 km de Cuiabá), será investigado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPE), após realizar declarações homofóbicas durante a celebração de uma missa no último domingo (13).
Na ocasião, o líder religioso chamou os jornalistas Erick Rianelli e Pedro Figueiredo, ambos repórteres da Rede Globo, de “dois viados”. Isso porque Erick fez uma declaração de Dia dos Namorados para o marido, ao vivo, enquanto encerrava a edição do 'Bom dia RJ'.
"Meu amor, meu marido, eu te amo. Feliz Dia dos Namorados para nós e para todos os casais apaixonados que estão nos assistindo. Que todos tenham um Dia dos Namorados maravilhoso. Agora, Pedro, vê se faz o jantar para gente, me dá essa força aí", diz trecho da declaração do jornalista, transmitido em rede nacional.
O recado foi suficiente para que os dois se tornassem alvos de um ataque homofóbico durante uma missa na Paróquia de Tapurah. O comentário do padre ocorreu quando ele se preparava para rezar pelas uniões de casais, exclusivamente aos heterossexuais. De acordo com o líder religioso, um "namoro não se faz como a Globo mostrou".
"Dois viados, me desculpa, mas dois viados. Um repórter e um viadinho, chamado Pedrinho. 'Prepara meu almoço que estou chegando com saudade'. Rídiculo", disse o padre imitando a declaração de Erick.
Em continuação com o discurso, Muller afirmou que casamento de verdade só existe entre homem e mulher. Para ele, a união entre gays e lésbicas não pode ser chamada de casamento, pois é um "sacrilégio".
"Deus criou homem e mulher, isso é casamento. Que chamem a união de dois viados e duas lésbicas como querem, mas não de casamento, por favor. Isso é falta de respeito com Deus, isso é sacrilégio, blasfêmia. Casamento é coisa bonita e digna", criticou.
De acordo com o MP, o intuito é apurar os fatos e colher os subsídios necessários para adoção de medida judicial cabível.
Em nota, o Ministério Público Estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Diversidades, repudia qualquer tipo de discurso de ódio. "Reitera que as declarações efetuadas pelo padre extrapolaram a liberdade religiosa e que podem até mesmo resultar na propositura de medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido", diz trecho.
Ao O Bom da Notícia, o presidente do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, o colunista social Valdomiro Arruda repudiou repudiou às declarações homofóbicas vindas de um pároco, uma vez que o mesmo segue a mesma religião.
Respondendo uma das declarações do padre, quando afirma que casamento só existe entre homem e mulher, Valdomiro retrucou dizendo que Muller "não é Deus para decidir quem casa ou não".
"Esse padre tem que respeitar o próximo. Aos olhos de Deus, todos somos iguais. Ele está desagregando os princípios religiosos", disse Valdomiro.
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