Terça-feira, 17 de Setembro de 2024

ARTIGOS Terça-feira, 10 de Setembro de 2024, 11:41 - A | A

Terça-feira, 10 de Setembro de 2024, 11h:41 - A | A

Kathiany Petraglia

Como prevenir o suicídio quando o acesso ao tratamento é limitado?

O dia 10 de Setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 703 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano no mundo, sendo esta a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.

Quando se fala em prevenção ao suicídio, é preciso pensar em suas causas, pois se torna pouco ou nada eficaz combater aquilo cujas origens são completamente desconhecidas. Além disso, a intervenção precoce, o tratamento adequado de transtornos mentais e o suporte social e emocional são fundamentais para a prevenção. 

Pensando nisso, é importante alertar que estudos científicos e dados epidemiológicos identificam os transtornos mentais como um dos principais fatores que podem contribuir para o risco de suicídio, como, por exemplo, depressão, transtornos de ansiedade, transtornos bipolar, transtornos de personalidade, esquizofrenia, dentre outros.

Há, igualmente, segundo estudos científicos recentes, uma maior incidência de suicídio na população com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em comparação com a população geral, porquanto esses grupos apresentam fatores de risco específicos que aumentam a vulnerabilidade ao comportamento suicida.

Nessas populações neuroatípicas, problemas como dificuldades de integração social, isolamento, dificuldade de regulação emocional, impulsividade, comorbidades com outros transtornos mentais, abuso de substâncias, discriminação, preconceito, bullying, fracassos repetidos e baixa autoestima criam forte e prologado sofrimento psicológico, elevando, por consequência, o risco de suicídio.

A combinação desses elementos aumenta a necessidade de intervenções preventivas e de suporte especializado para essas populações neurodivergentes, entretanto, lamentavelmente, numa época em que a saúde mental virou um assunto recorrente, muitos não possuem diagnóstico, nem acesso a qualquer tipo de tratamento, sendo especialmente mais prejudicados nesse aspecto as classes sociais mais baixas, por ausência de políticas públicas e de condições financeiras.

Portanto, que nesse setembro amarelo, além de levantarmos a bandeira do “se precisar, peça ajuda”, que também nos lembremos de exigir do poder público o desenvolvimento de políticas para acesso ao diagnóstico e tratamento precoce dos transtornos mentais na população de baixa renda.

*Kathiany Petraglia é Neuropsicóloga em Cuiabá, terapeuta Cognitivo Comportamental especialista em Reabilitação Neuropsicológica e doutoranda em Psicologia