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ARTIGOS Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2019, 10:08 - A | A

Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2019, 10h:08 - A | A

Aprendendo a lidar com os “nãos” da vida

Francisney Liberato

Crie oportunidades para os “nãos” que acontecem na sua vida.   

 

O site “estadão.com.br”, do dia 27/01/2019, apresenta reportagem com o procurador junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, a respeito dos problemas financeiros do país. 

 

Durante a entrevista, ele diz: “Pessoal da política não gosta de dizer não, gosta do sim”, opinando sobre a complacência dos políticos e de alguns órgãos públicos do Brasil.   

 

A frase do procurador demonstra que os políticos, para não desagradar ninguém, dizem sim a tudo, além de oferecer promessas, que em numerosos casos não são cumpridas.   

 

Um detalhe importante: Dizer sim é fácil, o difícil é fazer cumprir a decisão. De outro modo, o não serve para nos limitar, e ao mesmo tempo, nos moldar, para evitar o caos e o desequilíbrio, conforme demonstrando na matéria, bem como confirmado pela crise orçamentária e financeira existente no país.   

 

Lidar com o sim, é algo muito fácil e natural. Tudo vai bem quando você possui o desejo de comprar algo, e os seus pais dizem sim. Como é feliz, quando você quer viajar e o seu cônjuge diz sim. Melhor ainda, quando pede aumento salarial, e a empresa concede. 

 

Quando tudo vai bem, é natural ser honesto, fiel, justo, bom, querido, amado, enfim. Isso apenas para exemplificar, pois existem dezenas de situações para ilustrar que os “sins” são bons, mas às vezes pode ser que viveremos em um mundo “perfeito” e ilusório.   

 

Observa-se que desde a infância estamos acostumados com os “sins” da vida. 

 

Todavia, e quando você recebe o “não” dos pais, cônjuge, chefe, etc.? Qual é a sua reação? Chorar e reclamar? Como lidar com a negatividade e desaprovação do pedido ou feito? Muitos reagem aceitando, contudo, um grupo ainda maior, não aceita e vai contra o indivíduo que proferiu a decisão. 

 

Defendo que a mensagem, ou a resposta, seja repassada de maneira firme e com amor, mas independentemente de como a mensagem foi comunicada, não é motivo para o receptor, insurgir contra o emissor, como nos casos: de que a mensagem foi grosseira; que é uma perseguição; de que houve ofensa a sua reputação; de que o emissor não está preparado para o cargo de liderança; o indivíduo é um arbitrário, dentre outras desculpas para não aceitar os “nãos”.   

 

Quando eu era criança, e num determinado dia, o meu time do coração, o Flamengo, veio a Cuiabá para uma partida de futebol. Fiquei eufórico, já que a oportunidade seria única e singular. Pedi dinheiro para a minha mãe para comprar ingresso, entretanto, ela disse não, e explicou que não tinha recursos financeiros para comprar o bilhete do jogo.   

 

Tive uma grande frustação por alguns segundos. E ao mesmo tempo, fiquei pensando em encontrar alternativas para resolver isso, pois o desejo era grande de assistir ao jogo.   

 

A minha mãe trabalhava com vendas de roupas na comunidade do bairro do Porto. Ao final daquela conversa, ela me explicou que tinha alguns devedores que estavam atrasados com os pagamentos de vendas a prazo. Naquele instante pensei e disse: Posso cobrar os devedores? E caso consiga receber, receberei o valor do meu ingresso? Ela disse sim!   

 

Peguei a lista de devedores e fui trabalhar motivado, porque surgiu essa alternativa. Passei o dia todo andando debaixo do sol, e naquele dia, recebi muitos “nãos”. Um pouco frustrado, resolvi ficar o restante da tarde e início da noite, igual a uma estátua na frente da casa de uma senhora devedora, e ela me dizendo que não tinha dinheiro para pagar. Mesmo assim, fiquei ali, esperando o recebimento.   

 

Creio que era aproximadamente 20h, e eu ainda imóvel na frente da casa da senhora, lembrando que o jogo iniciaria às 20h30. Então, a senhora apareceu novamente e disse: “Menino insistente, está aqui o seu dinheiro. Desapareça da minha frente!”. Saí igual ao homem mais rápido do mundo, Usain Bolt. Entreguei o dinheiro para minha mãe, ela me deu o valor do ingresso, como combinado, e fui assistir ao jogo.   

 

O que eu quero dizer com isso? Que precisamos aprender a lidar com os “nãos” da vida, do contrário, seremos pessoas frustradas e desenvolveremos a síndrome da perseguição. Que necessitamos encarar os “nãos” com uma oportunidade da vida, e jamais como ameaças, logo, isso desenvolverá em nós, um crescimento, aprendizado, maturidade e uma vida melhor.   

 

Assim como relatado na minha história, desejo a você, que possa criar oportunidades para os “nãos” que acontecem na sua vida. Não se sinta ameaçado e triste pelos “nãos”, mas sim, use o seu cérebro para buscar alternativas e soluções para as circunstâncias da sua existência.   

 

Em suma, aprenda a lidar com os “nãos” da vida, visto que ele pode livrá-lo do caos. Crie uma mente mais sensível para detectar os “nãos” como uma oportunidade ímpar. Além disso, fundamentalmente, crie as oportunidades para saber lidar com esses “nãos”, de maneira segura, uma vez que são acometimentos cotidiano da vida de qualquer indivíduo.  

 

Lute pelo seu ingresso!  

 

Francisney Liberato Batista Siqueira é Secretário de Controle Externo, Auditor Público Externo do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, Palestrante Nacional, Professor, Coach, Mentor, Advogado e Contador.   

 

www.francisney.com.br