O projeto das Emílias, oriundo da Companhia do Sorriso de Mato Grosso, formado apenas por voluntários, há 6 anos leva alegria e esperança para crianças portadoras de doenças graves, como o câncer, e que estão em fase de tratamento. Alguns desses pequenos internados na Santa Casa de Cuiabá, correm o risco não ser mais atendidos, por conta do fechamento da unidade anunciado na segunda-feira (11).
Membro titular do projeto, a ex-corretora de seguros Carla Soler, fala com “amor” da causa, que comercializa bonecas Emílias – alusivo a personagem do Sítio do Pica-pau Amarelo – com objetivo de ajudar famílias de crianças carentes, por meio da entrega do suplemento alimentar Ensure. O produto que tem custo elevado é consumido pelas crianças que estão em tratamento.
“Uma pessoa para ser voluntária é preciso muita coisa. Tem que trabalhar por amor, porque é um trabalho muito sofrido. A gente sai à noite nas ruas para vender as bonecas, muitas vezes as pessoas que já compraram falam assim: ‘nossa, mas eu já tenho uma coleção’. Então precisa ter autoridade para fazer isso”, explicou Carla.
Durante o dia, os voluntários fazem a visitação nos hospitais. O papel do voluntário além de atuar como ambulante, é fazer com que os pacientes se sintam mais esperançosos, dando amor e carinho. O momento de dor é transformado em alegria com a atuação desses voluntários vestidos de Emília.
O projeto não tem fins lucrativos. A ideia é vender as bonecas para angariar recursos para compra de ao menos três ou quatro caixas do suplemento por semana. No mercado, cada lata de Ensure de 900 gramas, custa R$100. No entanto, além de arcar com as despesas dos produtos, o Emílias oferece uma ajuda de custo para os voluntários, que deixam suas casas, muitas vezes abandonam a profissão, como o caso da ex-corretora Carla, para viver em benefício da comunidade.
“Eu trabalhava como corretora no banco do Bradesco. Tinha uma profissão. Hoje eu não consigo mais conciliar essas duas atividades, porque o projeto precisa quase que 100% do meu empenho. Além disso, tenho casa, filhos, marido e uma série de particularidades para gerenciar. Mas eu não terei coragem jamais de dizer não a essas famílias. Faço tudo por amor, voluntariado. A gente não ganha nem um real dentro do hospital, é um trabalho feito por amor. Já o trabalho de Emília a gente ganha uma gratificação, esse é o meu sustento”, contou a reportagem.
Carla enfatizou que está acompanhando a situação da Santa Casa de Cuiabá. Ela frisa que muitas mães estão preocupadas, com medo de serem despejadas. Por isso, o trabalho dos profissionais que compõe o projeto tem sido dobrado, para que esses pacientes, não sofram ainda mais em virtude das mudanças.
Desde a sua criação, em 2013, o Emílias sobrevive de doações e de recursos próprios. Para ajudar nessa causa, o interessado pode estar entrando em contato por meio dos telefone (65) 9 9297-6012 ou através da página no Facebook. Lá também estão disponíveis maiores informações.
Santa Casa fechada
A Santa Casa de Cuiabá suspendeu as atividades na última segunda-feira (11). A direção alega a falta de recursos para urgência e emergência na ordem de R$ 3,6 milhões que, deveriam ter sido repassados pela Prefeitura Municipal.
Devido a isso, os atendimentos em praticamente todos os setores da unidade foram suspensos, inclusive do Sistema Único de Saúde.
Conforme apurou O Bom da Notícia, a unidade segue apenas atendendo pacientes internados, em fase hemodiálise, e em tratamento de câncer.