Dois em cada 5 brasileiros adultos eram empreendedores no ano de 2018, aponta a pesquisa Global Entrepreunership Monitor, realizada em 49 países.
De acordo com o levantamento, o empreendedorismo segue em expansão no país, tanto que este foi o 2º melhor resultado da série histórica, registrada desde 2012.
Em Mato Grosso, o número de empreendedores também segue em expansão. Dados divulgados no Portal do Empreendedor apontam que fevereiro terminou com 141,359 mil microempreendedores individuais (MEIs) formalizados no Estado, quantidade 16,2% maior que os 121,633 mil MEIs estavam ativos no Estado em 2016, em plena crise. Atualmente, Mato Grosso tem cerca de 322,282 mil empresas ativas, segundo a Receita Federal.
A pesquisa estima que existam cerca de 52 milhões de brasileiros, entre 18 e 64 anos, que lideram alguma atividade empreendedora, seja na criação e consolidação de um novo negócio, ou realizando esforços para a manutenção dele. Não há projeção por Estado. Juliano Duarte, analista da gerência de empreendedorismo do Sebrae Mato Grosso, afirma que o dado mais importante da pesquisa é o que aponta o aumento do empreendedorismo por oportunidade sobre o de necessidade.
O empreendedorismo de necessidade ocorre quando a pessoa é “obrigada” a empreender, porque não teve outra escolha, e precisa gerar renda para sobreviver. Geralmente, este empreendedor já tentou outras alternativas, como procurar emprego formal, mas não conseguiu. Já o empreendedor por oportunidade é aquele que empreende por escolha, porque identificou algum nicho de mercado. Este, geralmente, faz o planejamento do negócio, busca capacitação e faz análise de mercado.
“Por consequência, eles têm uma chance maior de fazer o negócio dar certo”, avalia o analista. O empreendedorismo de necessidade já foi maior em 2002, quando chegava a 55,4% dos negócios abertos, enquanto o de oportunidade representava 42,4%. Nos anos seguintes esse cenário inverteu e os negócios de oportunidade passaram a ser maioria. No ano passado, eles alcançaram 61,8% dos negócios e os de necessidade 37,5%. O empreendedorismo está em voga. Apesar de ainda ser pouco presente no ensino escolar, já é sonho de 33% da população, índice que quase dobrou em 2018, após representar 17,9% em 2017.
“As pessoas estão fazendo uma análise de mercado e pensando que pode ser interessante ter um negócio. Muitas pessoas fazem essa escolha porque não querem ter chefe, mas nós costumamos lembrar que, na verdade, elas estão trocando o chefe pelo cliente, porque este é o chefe. Mas, um dos principais motivos é que quando se é funcionário há limitações, e quando se é dono do próprio negócio há liberdade para fazer as escolhas. Um exemplo, a pessoa tem uma renda limitada quando é empregado. Mas, no seu negócio, ela pode trabalhar para ter um rendimento maior, dependendo do seu nível de gestão”, avalia Duarte.
É o caso da empreendedora Maria José Freire de Moraes, 47, que decidiu vender roupas femininas há cerca de 4 anos. Antes ela comercializava para outra pessoa, mas há menos de 6 meses decidiu vender por conta própria. Como o negócio ainda está engatinhando, a vendedora não o formalizou. Mas o sonho é abrir sua própria loja quando tiver mais capital para investir.
“Nesses primeiros meses estou vendo o resultado. Já consigo até mesmo viajar para comprar peças e tem dado certo”. Ela revela que sempre teve vontade de empreender, mas tinha um certo receio. Incentivada pelas amigas, decidiu apostar e afirma que vale a pena.
“Você tem seu tempo, faz seu horário. Mas tudo que você quer, tem que correr atrás, lutar e trabalhar muito. Hoje as pessoas reclamam do mercado, da crise, mas uma mulher não fica sem comprar roupa”, afirma.
A administradora Grasieli Gomes Duarte, 45, já teve uma empresa aberta por 2 anos, até 2016, também no segmento de moda feminina. Agora ela pretender reabrir o negócio no próximo mês. “Parei há 1 ano por causa da crise. Os impostos de Mato Grosso são muito altos. Não deu pra ficar aberto e tive que fechar”, expõe.
Como acabou de deixar a empresa onde trabalhava, decidiu apostar novamente no segmento.
“Peguei o dinheiro da rescisão e vou investir. Mas agora quero ir devagarzinho, fazer com mais calma. Da outra vez abri aleatoriamente. Agora fiz um curso sobre empreendedorismo, que me mostrou como é a gestão, os impostos, toda a base do negócio antes de abrir novamente. Antes eu queria uma fonte de renda, e gostava de vender, por isso fui nesse foco”, revela.
“A pesquisa consulta diversas pessoas e especialistas, que fazem uma análise do ambiente de negócios. E 75% acreditam que as políticas governamentais podem ser melhoradas, assim como os índices de educação e capacitação. Aqui também entra o trabalho do Sebrae oferecendo esses treinamentos para as pessoas terem condições de empreender e entender o mercado em que estão inseridas, fazendo uma gestão eficiente pensando na sustentabilidade do negócio. Isso melhora a possibilidade do negócio dele dar certo”, finaliza Juliano Duarte. (Informações do Jornal A Gazeta)